segunda-feira, 23 de maio de 2011

Os vira-latas também são sujeitos.



Ultimamente, tenho acompanhado discursos padronizados que remetem o brasileiro à uma espécie de “bárbaro terceiro-mundista”. Tais discursos reduzem a nós próprios – o povo brasileiro - à completos sacripantas, que precisam ser inseridos em uma ótica civilizatória, ofuscando desse modo a nossa conscientização, a nossa liberdade de expressão, a forma de disseminarmos a cultura de classe presente em meios periféricos, a livre manifestação cultural dos regionalismos que constituem as minorias coibidas por um sistema dual e segregador.

A identidade “de ser o que deseja-se ser” sempre esteve ameaçada de tempos remotos até o atual momento, pois ela coloca em xeque "o que querem que sejamos". O erro, está em exatamente "não nos notarmos" quanto componentes chaves (em um processo de dominação que pode mudar) com a militância e com a livre manifestação do que somos realmente e do que produzimos enquanto sujeitos!

Os algozes da sociedade política juntamente às regras de linguagem, estamentaram-nos sob o alicerce da "hipercompetitividade" e do individualismo. As classes presentes no processo histórico - sob a égide cultural do "consenso burro" e normativo - quando naturalizaram-se quanto a ser "classes B ou C", passaram a oprimir as "classes D e E". “Os gerentes de loja”, enfim ao invés de contribuirem para suas respectivas emancipações como um todo, facilitaram a subordinação e a dominação de seus semelhantes (e a sua própria).

Os discursos vão da trivialidade à assuntos sócio-políticos, econômicos e educacionais (de matriz mais séria). O que revela as raízes da dominação, revela até onde vai a persuasão e a cooptação exercidas pelos meios de difusão superestrutural "da cultura dominante". Isso às vezes me faz perguntar “aos móveis ou às paredes”, se eles são mais sujeitos da própria história, do que aqueles que os construíram e as ergueram, (nós, os brasileiros!)...Felizmente, sou correspondido com o eco vazio, (de minha própria voz), a voz de um sujeito histórico.

O tempo histórico, é o espaço onde o homem-sujeito atua. O homem não é subproduto do meio, apesar de depender deste e transformá-lo. O homem se reinventa de acordo com a estrutura vigente, ele cria os Estados e as Estruturas que o possibilitam se reinventar em cada momento histórico. O homem cria as leis, as discordâncias, o modo de produção, ele cria as relações de dominação que mediatizam e permeiam tais instâncias...O Estado é algo abstrato, já o sujeito, este é concreto!, O Estado não é "a razão" que dissolve as contradições engendradas na sociedade civil como idealizou Hegel. O Estado é mais uma criação humana, o Estado enquanto entidade, é mais uma classe!, Que permeia esta sociedade, subordinada aos seus interesses...A ideologia é o engessamento da teoria, o idealismo de cada homem é dialéticamente o seu esvaziamento e o seu fôlego, a ideologia serve à um fim, o de reproduzir enquanto teoria, o que herdou como exulto. Ela deve ser criticada e modificada.

Tento analisar tal fenômeno de “complexo de vira-lata”, dentro de um viés sociológico, ou teórico, mas a sensação de inércia me frustra. Algo que pode ser comparado às “harpas Eólo, “As harpas ordinárias são tocadas por qualquer mão. A harpa de Éolo, só soa quando é golpeada por uma tempestade.”

A tempestade que nos golpeou, foi a ditadura, soamos uma vez, e estancamos nosso som desde então. Até quando tocarão o que não queremos ouvir, exibirão o que não desejamos ver ou decretarão o que não pretendemos aceitar?

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Das santas às meretrizes em uma piscadela.




Enquanto cultuarmos imagens enfadonhas de “Marias-divinas” como sendo "falsos espelhos" de uma sociedade romancista e idealizada – (como também enaltecemos esteticamente o culto às mercadorias, que passam a mediatizar os discursos socioculturais e as relações humanas por intermédio do Fetichismo da Mercadoria e do consumismo) - continuaremos em meio a uma sociedade amputada, alienada, estritamente paternalista e machista!, Que perpassa a lógica dos estigmas e da segregação. Que vê em seus semelhantes - (nos mais fracos) – possibilidades de preponderância e ascendência sob o auspício da propriedade privada, com pretextos e justificativas que remetem os seres humanos à condição de “mercadoria com valor agregado, geradora de lucro”.

Enquanto este mal não for amputado pela raiz, continuaremos transpassando discursos que agem anulando as minorias, alienando como “bens de consumo”os sujeitos históricos - (as Mulheres, os Gays, os Negros) - “inalienáveis perante a lei”, - (leis que podem ser entendidas como forma de análogia aos poderes emanados por instâncias jurídicas do período colonial, que há 300 anos atrás beneficiavam oligarquias cafeeiras e as possibilitavam negociar os oprimidos como mercadoria ) - Exitem leis atuais que vendem os sujeitos históricos sob uma nova forma!, Substituindo o antigo tráfico-negreiro interprovinciano e a escravidão de um passado recente, por leis que deterioram as interações sociais de classes, por meio da “mercantilização das relações de trabalho”, pela mediação - (totalmente parcial) - das relações de exploração do homem pelo próprio homem.

Tais preceitos agem legitimando os algozes de tempos remotos sob nova estruturação, a favor da propriedade privada, a favor da exploração por meio da Mais-valia e do “Tripalium” (do Trabalho). Naturalizando tal lógica, - (como naturalizou-se as relações de exploração do homem) - estaremos fadados ao “ostracismo das Marias Madalenas do Centro da cidade, as "Marias das casas da luz vermelha”!, Que ganham a vida se vendendo como mercadorias em meio a sociedade burguesa, a mesma que condena moralmente tal prática - (enaltecendo sob o baluarte do cristianismo a Virgem Maria) - e em contrapartida, age irremediadamente, parasitando “tais antros deploráveis” a procura de mais uma “dose animalesca e pecaminosa dos prazeres que recrimina em ambiente familiar ou em público”. A mesma sociedade que subsidia a promiscuidade financiando a prostituição sob a égide amoral do Capital (e claro, de suas contradições), recrimina e rotula tal prática e as que dependem disso para sobreviver!

Mas elas -(as Marias da Luz-Vermelha)- também são mulheres. Algumas bastante emancipadas, mas ainda assim, vítimas de uma sociedade proletarizada que atrofiou sua essencia humana. As “Marias esquecidas”, as “Marias estigmatizadas”, são acima de tudo, Marias!

Talvez, as "Marias da carne fraca" sejam Marias mais emancipadas - (mesmo que dentro da lógica burguesa) - que as “Marias Sacras”. Aquelas que nada fazem para garantir seu sustento!, As Marias Santas que não pagam IPVA!, As Marias do mundo Ideal-Transcendente que nunca pagaram o gás!, A antítese das Marias-meretrizes-resolvidas que vivem em Paris!, As “Marias metafísicas da omissão” que não conhecem IPTU (não por não quererem ser cidadãs), mas porque não existem!

As “Marias dos padres, papas e generais” que contribuiram para a anestesia social que nos assola. A Maria Etérea que corrobora a falsa reprodução “puritana” de um sistema imoral e capitalista!, Que "inseminou" no ventre das mulheres -(sob a forma de estupro)- as desigualdades concedidas "eclesiasticamente" como benção aos pecadores, através da "eucarístia mundana e material" em conivência com a lógica dual e sócio-metabólica -(geradora de contradições)-, aquela que será a sua própria ascenção e destruição!, A lógica geradora de "Marias da vida", gera seu próprio germe destrutivo, chafurdando no "lodo da contradição"...

As “Marias virgens” geram as “Marias profanadas do Capital", aquelas que conseguirão sua verdadeira libertação material, um dia...Marias "mais Marias" que outras Marias.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Os EUA e a ciência da morte.




O mundo ocidental é avançado mesmo!, Todas essas guerras e execuções em massa, propiciadas pelas direitas liberais-democráticas da contemporaneidade, foram um avanço em prol "do bem estar", da democracia e da ciência!"

Em Hiroshima e em Nagasaki, os EUA só estavam testando se as leis da física quântica se aplicavam deveras aos preceitos da teoria da relatividade, vocês sabem...Aquela da fissão nuclear!( E=Mc²), afinal é mais fácil dividir um átomo, que demover um preconceito...

No Vietnam, os ianques só estavam vendo se as teorias advindas da “química inorgânica de Harvard” eram de fato aplicáveis!, Isto é, vendo se o petróleo gelificado -(vulgo NAPALM)- “era mesmo inflamável” - ( visto que este pegava fogo até embaixo d’água) - mas eles queriam incendiar “só os arrozais", pessoal!

Eles queriam "copiar as peripécias da terra arrasada" advinda da URSS, “só que com tecnologia”...Utilizaram um herbicida denominado "agente-azul" que contaminava a terra (650 mil acres). Experiência que nos relembra a tática de guerra utilizada pelos soviéticos, posta em prática nas cidades antes da de Stalingrado, usando somente o fogo e as trincheiras, para retardar o avanço dos Nazistas de Hitler...Isto é, “ (o avanço dos nazistas do Eixo)”, e não dos “outros nazistas”, (aqueles da Aliança) a manda de Churchill e Roosevelt...rs

Imitando a tática de terra arrasada, os americanos iriam prejudicar os Vietcongs e não a eles próprios..."Os U.S marines", afinal, Quem precisa "pilhar arroz" quando se tem um estoque de enlatados suculentos?

Mas sem querer, “às vezes ocorriam acidentes com o NAPALM e acertavam um camponês ou outro” (140 mil civis mortos no Vietnam)...Por isso os camponeses do Laos e do Vietnam começaram a usar aqueles “chapéus grandes, amarelos e redondos”, aqueles iguais ao do Raiden!...Caso um helicóptero americano “Huey” passasse sobre uma plantação de arroz, o camponês vietnamita gritava : - “Hoặc tôi ở đây à!” ...Traduzindo... - “Ou ianque, cuidado!, Eu estou aqui embaixo, hein!”

Eles também queriam averiguar se o agente laranja - (que é um herbicida desfolhante, e não, um fuzileiro-garí!)- "desfolhava" de fato, por isso, testavam “nas árvores e nas plantações”...e nas..folhas..

Mas infelizmente, vez ou outra passava alguém, (66 mil mortes por intermédio de armas químicas!) Ou seja, “66 mil vietnamitas desavisados", sem falar das sequelas nos sobreviventes!

Acho que já dá para nós imaginarmos como eles descobriram, como executar “em nome da lei”... Prisioneiros perigosos e subversivos como os de Guantánamo...“Com injeções letais à base de arsênio e cloreto de potássio” , uma maneira “humana” de se morrer nas prisões do Texas (e nas de 36 distritos dos EUA!).

Sem falarmos, da fila no corredor da morte. Ou seja , o cativo fica lá...Em pé, “com um pijama vermelho”, esperando o Ceifador Maldito. Uma fila "bem grandinha", que me lembra até (as filas do INSS pelas quais nosso idosos passam) em seu corriqueiro dia-dia, de cidadão de bem!

Voltando ao Texas, ao corredor da morte, às injeções letais e aos EUA...Com a injeção letal, em menos de 3 minutos o sujeito bate as botas e pronto!, “Está às portas do paraíso!”, Pelo menos os norte-americanos são mais eficazes (que os servidores públicos brasileiros), aqueles que atendem os idosos nas filas do INSS, e que os fazem morrer muitas vezes de insolação, tédio, ou cansaço. Cidadãos que buscam receber suas pensões e suas aposentadorias de maneira digna.

Algum dia, alguém lá nos EUA, deve ter bebido acidentalmente, vinho tinto em um cálice de cobre (oxidado), e aí esse alguém morreu “uns 3 ou 5 dias depois” de beber o vinho...Aí , depois de uma autópsia minuciosa feita por um “legista-forense-xerife”, este descobriu “que o assassino foi o arsênio”...Por falar em cálice de cobre oxidado, afastemos do mundo esse cálice (de vinho tinto de sangue)...