sexta-feira, 11 de março de 2011

O Imperialismo ianque – A hidra do novo milênio.



No início de sua história como potência hegemônica e interventora, os Estados Unidos foram formados por treze ex-colônias, que logo ao se libertarem da Inglaterra (em 1776), tiveram a necessidade de se expandir, divididos em meio a dois projetos estruturais distintos: Para o Sul, seria interessante economicamente para as oligarquias locais, a manutenção do grande latifúndio algodoeiro, - (respaldado na monocultura agro-exportadora e no livre-cambismo), a continuação do trabalho escravagista, assim como continuação do tráfico (interprovincial) negreiro.

Os estados do Sul pretendiam manter as relações comerciais com os Ingleses, - (se comportando como uma potência de gêneros primários, totalmente agro-exportadora) – bastante semelhante ao Brasil (no período Cafeeiro).- Em contraposição a esse modelo, havia o norte que defendia e impunha medidas como: A abolição da escravidão - (Pelo fato dos escravos não serem um eventual mercado consumidor, como seria a mão de obra assalariada)- , a adoção de tarifas protecionistas alfandegárias, a propagação de ideologias "iluministas de cunho liberal", (oriundas da França revolucionária - 1789), e a implantação de uma república federativa e autônoma.

Em meio a este processo de ruptura com os moldes coloniais - (ainda vigentes em grande parte dos EUA independente) - O que parecia ser um “avanço”, não pudera ser considerado totalmente “primavera”, pois desenvolveu-se um nacionalismo exacerbado que transcendeu literalmente as barreiras do preconceito “racial”, ódio e ganância imperialista, como vistos na anexação do Texas (em 1840 - 1848), do “Oeste selvagem”(1845), na anexação dos estados do Sul -(engendrados na ótica liberal)- Que se daria através da Guerra de Secessão (1861 - 1865), na abertura dos portos do Japão em - 1853, na anexação ou "compra" da Louisiana, na anexação da Flórida, no embargo à Cuba, e em meio às guerras por petróleo do séc XXI, no Oriente Médio.

Assim se deu o início do imperialismo embrionário Ianque, uma iniciativa alimentada por forte violência, xenofobia e exacerbado nacionalismo, justaposto a uma fé irracional em uma “predestinação divina”, posta em prática primeiramente pela Doutrina Monroe (1823) – (Doutrina que se opunha a intervenção européia na América) - , e em segundo plano pelo Destino Manifesto - (1840) – (Doutrina que prega a crença, de que os estadunidenses caucasianos de credos protestantes, teriam sido eleitos por deus para intervir e guiar todas as nações do mundo).

Antes da Guerra de Secessão (1861-65), os Ianques “descobriram” jazidas Ouro na Califórnia incentivando o povoamento pioneiro do Oeste, a implantação de ferrovias, o emprego de mão de obra assalariada - (proveniente da china, incessantemente explorada) -, e o genocídio dos “incivilizados Pele-vermelhas” pelos regimentos de cavalaria - (casacas azuis) .

Em meio a este processo expansionista, os setores dominantes e industriais ainda anexaram o Texas em (1848) e desferiram um violento ataque -(seguidos do nascimento de um sentimento patriótico, alimentado pelo preconceito, xenofobia e aversão) - observado até hoje por grupos da “extrema direita sectária”, que em um contexto atual, transpassa antipatia desferida com “fervor” em direção aos moradores de origem Latina e aos Negros do "Bronx" ou de outros estados.

Seitas como a Ku-Klux-Klan são os exemplos mais conhecidos, caso similar acontece com "Latinos" e Hispânicos, que sofrem perseguições, por grupos Neo-nazistas.

Falar deste sentimento que se mantém vivo até os dias atuais, significa falar das raízes mais profundas e mais remotas que remontam a história das desigualdades norte-americanas, (e em segundo plano) - a história das nossas desigualdades - Não somente as que vitimizam os latino-americanos que tentam atravessar o deserto do Novo-México em busca de melhores condições de vida, ou os negros norte-americanos que desde as épocas coloniais até hoje, são perseguidos, segregados, assumindo papel secundário no plano de fundo “montado” como uma esquema nefasto pelo sistema capitalista.
Significa criarmos consciência de classe, nos mantendo ativos pela conquista de direitos que foram tolídos por desigualdades históricas, amenizadas por uma democracia amputada em prol do Capital, e da perpetuação das desigualdades.

Os Eua e sua política imperialista de “Boa-vizinhança” ainda conceberam a importância de uma nova -(e útil) - saída para o Mar (saída para o Oceano Pacífico) que abriria novas fronteiras comerciais com o oriente, ao exemplo das Filipinas e do porto do Japão (Aberto à Bala, pelo comandante Perry - em 1853) cobiçando com isso, cada vez mais o expansionismo “travestido de genocídio”.

O comércio e a indústria estavam crescendo e florescendo rapidamente nas ex-colônias do norte, independentes, com grande autonomia e sede de sangue, sobre o estandarte de um capitalismo florescente e promissor, que iria se consolidar como sistema vigente nos séculos subsequentes.

O sucesso da expansão Norte Américana -(que se deu de dentro para fora) -, não se deu graças “as ideologias liberais e iluminadas que rondavam as ex-colônias em forma de Spectro”, mas talvez graças a hostilidade levada como “baluarte civilizatório” necessário a humanidade, por parte dos setores industriais hegemônicos, imbuídos de etnocentrismo, ódio, ganância e preconceito, mas também, camuflados e amparados por idéias iluministas e liberais escamoteadas por doutrinas incautas e por “sabotadores do bom senso”, como idealizadores da Doutrina Monroe, e do Destino Manifesto.
O processo de Expansão em germe que ocorrera no Norte, se deu coma uma “nova resposta” a um fajuto projeto colonial - (falido) -, inglês, interpelado por processos de separação e emancipação contemporâneos a ele próprio, que de forma dialética se deram na segunda metade do XVIII, e em início e meados do XIX.

A Hidra nos remete a mitologia grega, como sendo uma besta sanguinária, que quando perde uma cabeça, gera o dobro de cabeças igualmente aterrorizantes no lugar da decapitada, não percebo analogia melhor para descrever os EUA em sua fase mais atroz, que nos remete à "barbárie civilizada" gerada pelo Capital e seu imperialismo como sendo: “perolas negras” geradas pela dupla revolução européia e por suas concepções, as mesmas que levaram os franceses a guilhotinarem o Rei (amputando um mal), pôde ser usada em detrimento das maiorias pobres na edificação de um novo algoz, um mal que amenizou as mazelas da opressão servil, agora exterioriza, aliena e explora globalizando seu efeito em prol das "democracias amputadas e neoliberais" subservientes ao Capital.

Remunerando a mão de obra tornamos a exploração aceitável?, Um "tripulium" em detrimento da erudição e da liberdade é a única saída aceitavel?, Será mesmo, que em termos éticos e morais evoluímos?, Seria mais humano glorificar os sobretrabalhos e a mais-valía, que pagar a corvéia, a talha o dízimo?, Ou seria (tão funesto quanto, ser vassalo de um Lord-sangue azul, do que um assalariado submisso a um burguês que detem o modo de produção e parte total do lucro?) -(Os sécs XIX - XXI possuem a chave para essa questão) - O que é pior? O capitalismo e a exploração do tempo perdido, e do trabalho morto...Ou morrer trabalhando na terra, sem a noção do tempo perdido?...Podemos considerá-lo um avanço, uma etapa, mas nunca o fim...Se o fizermos, também será o nosso.

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