quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O materialismo é um humanismo.



Acredito que o materialismo seja um humanismo. Não somente por este libertar-nos da servidão terrena -sob a égide da subversão contra as elites parasitárias-, mas também, por este nos libertar do medo transcendente, torpe e pós-mundano (em apodrecer num calvário de enxofre e salitre, num inferno mefistofélico.

O materialismo é um humanismo, por nos emancipar das crenças em divindades antropomórficas, sempre coléricas! É um humanismo, por nos alforriar de uma eternidade falseada e metafísica, inculcada pelo clero , que engendra o apatismo societário e a alienação .

O materialismo concebe que o ser humano é um animal racional dotado de epistemologia e que utiliza esta última para transformar concretamente sua realidade material e social, erigindo sua concretude tanto cultural, quanto estrutural.

Ele próprio (o homem) é subproduto desta realidade material que concebe enquanto filosofia ontológica. Enquanto ser, é organicamente (e biologicamente) um arranjo molecular, organizado e sistêmico que resulta em matéria viva, num ser concreto, (num organismo), subproduto de bilhões de anos de evolução, um aglomerado de átomos, -sem alma-, sob auspício das leis físicas e das ligações químicas -em sua organização de ser vivo.

Todo ser vivo está remetido à matéria e à cosmogônia -à sua origem como ser orgânico e a do meio em que habita-, ao "grande bang", e à ele retornaremos, pois somos a façanha de um evento cósmico, que não somente erigiu nosso sistema solar, como também a matéria viva que o rege, e que, (sob a forma de ser cognoscitivo) redigiu esse texto. Em suma, somos feitos de poeira estelar, e ao universo voltaremos sob a forma de átomos.

Este conceito -o “materialismo”-, sofre correções e se transforma em novas sínteses há cada século, há cada era, foi Sócrates o primeiro a atrelar os pensamentos Eleatas como os de Heráclito e de Parmênides -(mudança perpétua e condenação ao Imobilismo, respectivamente)-, aos pensamentos dos Pluralistas, como os de Leucipo (um atomista) e associá-los, por conseguinte, à maiêutica socrática,- que além de humanista, foi uma forma primitiva de dialética “parteira das idéias”, através do embate entre teses a fim de desvendar a verdade, a virtude e a ética, que estaria -segundo Sócrates-, codificada na alma e imanente ao mundo das idéias-, ainda imbuído de idéias metafísica Sócrates lançou os dados da dialética e do materialismo modernos.

Aristóteles foi o primeiro a analisar a matéria sob seu aspecto frio, bruto e existencial na ontologia do ser humano -(e a corrigir algumas deturpações na maiêutica Socrática, perpetradas pelos geômetras e por Platão).

Porem, Aristóteles -com todo o seu mérito-, atrelou o saber à virtude transcendente do “Ato Puro” (Deus), atrelou a razão ao espanto (pathos), o cognoscitivo do ser humano à idéia de “forma” ou, a “Alma-racional”, imanente à “substância” ou o homem (o ser concreto).

A matéria desprovida de forma (alma) e de “essência” (objetivo), para Aristóteles, era a matéria bruta, prima, àquela que servia apenas ao trabalho humano, a essência por sua vez, seria objetivação do ser, enquanto a forma, a alma (que poderia ser Racional, Nutritiva, e Sensorial) do ser concreto, que só poderia existir “imanente as almas supracitadas”, em suma, a matéria para se tornar substância, para Aristóteles, necessitava da forma(alma), da essência (Objetivação), para só então existir.

Aristóteles aperfeiçoou o conceito de matéria advindo dos pré-socraticos e lançado por terra, por Sócrates e por Platão , assim como Marx no século XIX, aperfeiçoou magnificamente o conceito de materialismo (advindo de Feuerbach), que aprioristicamente, sem a intervenção deste primeiro (Marx), se encontrava deslocado da realidade societária.

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