sexta-feira, 3 de junho de 2011

O cativeiro em si mesmo.




O século XXI é o século das desilusões e dos dissabores, o século da acomodação e da banalidade perpassada. Naturalizada como modelo de civilidade almejado por todos que se consideram parte “integrante” de um modelo de “civilização-ocidental-padrão”, uma espécie de “democracia de subordinação terceiro-mundista consentida”, um modelo de cidadania amputada e enlatada, exportada com orgulho para o “mundo bárbaro” – um mercado em potencial - que rompe o seio clamando por “globalização neoliberal”. A mesma das canhoneiras ou a dos fios invisíveis que - agem como grilhões.

Tal decadência evidenciada no cenário histórico mundial durante a fase mais voraz do imperialismo mundial, é também vivida aqui no Brasil. Passivo ou Não-passivo, eis a questão?...Talvez nem sempre não-passividade seja sinônimo de esclarecimento, a prova disto, está no norte da África e no Oriente Próximo.

A passividade pública dos brasileiros após 21 anos de ditadura, partiu de um consentimento travestido de medo, após a desilusão com os liberalismos existentes na época. Tal apoio à marcha da família por parte da sociedade, seguido do “parcial adestramento” do povo,foi algo esquematizado e está mais vivo que nunca.

Durante um período histórico que equipara-se à uma sangria nas veias do continente latino-americano, marcado por brutais regimes - que reprimiram e torturaram em nome da ordem e do capitalismo - que se consolidaram graças a um esquemão de “capitalismo-latino-ditatorial” adotado da Bolívia ao Uruguai, não era para menos que nossa sociedade ainda fosse reflexo de uma história recente omitida e mistificada.

Com a amortização da opinião pública, com a execução da vanguarda - posta em prática por órgãos repressivos como o DOPS - subsidiada pela “palmatória do mundo” ou pelos “ventos democrático e liberais do norte da América", o Estado se tornou uma quimera, uma metamorfose, ou simplesmente "um ferramentário do grande império", que nunca lançou mão da exploração, genocídio e repressão, obtendo sua hegemonia e auferindo lucros - quando não pela coerção efetiva - pelo adestramento ideológico-cultural.

Desde as subseqüentes crises do capitalismo global, desde as transições políticas vividas nas entranhas da América - latina, e com a voracidade do neoliberalismo, os movimentos sociais, receberam um grande cale-se, uma punhalada desferida pela mídia conservadora e pela “sociedade política travesti”. As vozes dos desvalidos em geral jaziam dentre os escombros da opressão de uma “Ditabranda”, e de uma opinião pública falseada e pré-fabricada por uma sociedade-civil incauta, herdeira dos moldes estruturais anteriores.

Existe algo de masoquista na população, ou seria a grande mídia um dos grandes tentáculos responsáveis pela miséria?, Um cativeiro do esclarecimento comparado ao mito platônico da caverna?, Os grandes centros urbanos reproduzem a lógica da competitividade e das leis do mercado, os cidadão transformam-se em “mercadores-da -alma-currados”, perderam a humanidade em si próprios, sua essência se atrofiou beirando a alienação. Isto é, enxergam os semelhantes como mercadoria desprovida de razão, tal reducionismo se deve as condições de externação propiciadas pelas condições de aflição-material.

O desespero em si próprio representa o desespero de todos seguido da dominação, ou seja, “o esvaziamento total de si mesmo pela ordem e estabilidade a ser mantida”. Um auto-retrato do Estado, que se esvazia da economia e do bem estar público e social, sucateando a educação e a saúde pública em benefício do setor privado, reproduzindo um exercito de reserva “analfabeto funcional”, que também reproduz uma humanidade morta, consumista que se auto-metaboliza – como gasolina em um motor - se auto- alienando.

A coibição pelo viés ideológico, a assimilação da cultura de consumo, a cooptação que ocorre por intermédio das leis do mercado e grupos multinacionais, é algo tão atroz e baixo, quanto a invasão de um povo pelo poder das armas. Tão baixo quanto a aniquilação de uma cultura milenar, seguida da outorga de um determinado modelo político-econômico e da subordinação colonial, imposta pelo império!, Pela metrópole.

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