terça-feira, 8 de novembro de 2011

"O martelo da suavidade."

A violência sob sua forma física e efetiva -em sua brutalidade concreta e material- provém do Estado, abrolha literalmente na sociedade-política sob a forma de um porrete, que de maneira seva movimenta-se brutalmente de cima para baixo, a fim de acachapar os fracos, pobres, estigmatizados e oprimidos, para que a classe dirigente aufira lucros, imanente a ditadura do capital, sem maiores contestações.

Alinhada à coerção efetiva a fim de obliterar a luta de classes no terreno ideológico, existe um outro tipo de fereza, uma que é mais sutil, branda, insidiosa, ávida para atocaiar os incautos.

Essa é vagarosa, calculista, fria e sem pressa, segue agindo "como um crocodilo submerso esperando a próxima vítima despercebida ir se deliciar em um regato ".

É persuasiva como o canto de uma sereia, que age seduzindo os parvos marinheiros, levando o bronco bucaneiro desavisado à um abraço da morte letal, à um fim trágico nas tormentas do oceano, nos corais ou nos rochedos.

Esta, é a dominação cultural, o amoldamento do consciente, irradiada com extrema destreza, pois conta com a indústria cultural a seu favor, para lobotomizar e exteriorizar aqueles que possuem pouca consciência de classe, aqueles que são indiferentes ao seus pares, aqueles que desejam se tornar aviltador.

Com as leis do mercado controlando do metabolismo social, com a mídia erigindo discursos de cooptação pequeno-burgueses, com o advento do crédito atrelado à hegemonia do capital financeiro e às premissas da cultura de consumo -em terreno Neoliberal- os setores vampirizados reproduzem a lógica e a opressão que sofrem, engendrando mais dualidade no tecido social e no ambiente em que vivem.

O abscesso da meritocracia é a semente do mal da lógica competitiva e predatória mercadológica, a força motriz por detrás do êxito lastimável em esquartejar os movimentos sociais quee perpetram a natureza brutal do capital, tal aviltação mental é exercida e emanada pela sociedade-civil, inerente a um ferramentário ideológico e pós-moderno.

Deste modo, segue impunemente, inculcando no cognoscitivo do proletariado, o germe destrutivo da apatia, do individualismo, da corrupção, do fetichismo da mercadoria, da contra-revolução. Munidos de uma poderosa e repressora sociedade política, que de maneira dialética utiliza seus aparelhos de repressão física, tornando as massas –que organizadas em bloco histórico, seria forte- presas fáceis do capitalismo.

Como um miasma esfumaçado na penumbra Estatal travestido de bálsamo de flores, que a um só tempo "entorpece, envenena e por fim, mata deliciosamente", é nada menos que uma profanação ideológica e predatória dos valores advindos das premissas básicas do humanismo, aqueles valores fundamentais que exaltam e enaltecem o homem como ser inteligível e fraternal, assim como por conseguinte, sublima suas plenas faculdades cognoscitivas e antropocêntricas, que levaram-no à uma condição privilegiada e de destaque, entre as espécies, como a única que reconhece humanidade em si e no próximo.

Tal fragrância mórbida e pútrida que bestializa os homens, está munida de uma aleivosia intelectual abissal e falseável, de viés neo-clássico e sentencioso, algo imundo que se encontra munido de uma aparelhagem organizada em inúmeras esferas do poder público, concentradas nas superestruturas de aviltação do Estado burguês e que agem como tentáculos do Capital financeiro e do liberalismo econômico -que é em seu bojo, sentencioso e corrupto.

A hegemonia, segue concentrando-se em instituições de disseminação de uma ideologia manipuladora e maniqueísta, que é, por conseguinte, corruptora. Algo que tem um efeito muito mais duradouro e devastador -quando atinge o seu objetivo-, pois insemina nos homens levianos o germe da contrafação e da competitividade, o espectro da ascensão e do poder pela tirania do status-quó, doutrinando uma juventude ceifada ainda em seu bojo social, pela meritocracia lacaia das leis mercadológicas, que por sua vez, está visceralmente interligada à cultura de consumo, à acumulação de capital, à extração de mais-valia, ao imperialismo, ao culto à propriedade privada, e ao sistema capitalista global.

Essa, é a pior agressão que um regime pode cometer contra os homens, é o pior tipo de dominação, a mais desumana violação exercida por uma elite minoritária sobre o seu povo, pois dimanada da sociedade civil e age sendo inculcada, absorvida e perpetrada como um mantra obscurantista, com conseqüências terríveis, pois enraíza culturalmente e historicamente a apatia, naturalizando-se situações inapropriadas e atrozes, esfacelando a crítica, obliterando a luta de classes no terreno epistemológico e prático, acabrunhando a dialética numa tentativa vã de perpetuar seu legado hegemônico, sem contestação.


A violação da consciência de uma nação, é a mais austera ditadura, e, por conseguinte, o maior crime bárbaro!, É ela que cria os zombies da ignorância, os analfabetos-sociais exteriorizados, os beócios da pós-modernidade, as gerações nati-mortas, as prostitutas, a anestesia social das vanguardas, os lobotomizados-políticos, os bestializados pela reificação, os incautos da moda, os fundamentalistas, os fetichizados sem caráter e as classes que são historicamente subalternizadas, - de consciência improfícua e levemente amarelada.

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